São cinco, estão há oito anos em digressão mundial e fazem parte do primeiro grupo de monges tibetanos abençoados pelo Dalai Lama. Depois de seis meses em Espanha e dois em Itália, no âmbito do Oitavo Tour Mundial pela Paz Interior, chegaram a Portugal para ficar até 3 de Dezembro. A intenção é divulgar o seu conhecimento sobre astrologia, medicina, cura psíquica e filosofia do Tibete. Realizam consultas, cerimónias, ateliês e workshops para promover a cultura tibetana em Portugal.
"Este intercâmbio serve para que as pessoas ocidentais possam ter acesso e ficar mais interligadas com a cultura budista", conta Margarida Castro, coordenadora da Inkarri Portugal, a associação multicultural responsável pela visita.
Os monges são todos bem-dispostos por natureza. E bastante sorridentes. A seriedade chega no momento da puja Kangso - a cerimónia que o i escolheu para assistir. Os pés têm de entrar descalços e por isso tiramos os sapatos à entrada. Dentro da sala estão cerca de 20 participantes, que procuram eliminar obstáculos e ter protecção e apoio da deidade. Este é o objectivo desta cerimónia. O rito é, novamente, separado por três fases, onde são recitados mantras preparados para o propósito. Na primeira - "o Refúgio de Buda" - pretende-se desenvolver a dedicação. À segunda, pertence amotivação. No fim é momento de oferendas à divindade, através do canto e da música, produzida com tambores, sinos e os Tingsha (uma espécie de pratos de choque tibetanos). Entre outras simbologias, é chegada a hora de Pempa Namgyal levar para fora do espaço um bule vermelho, que representa a acumulação de energias negativas. Passada uma hora e meia o ritual termina e as negatividades já não pertencem àquele espaço, nem a quem lá se encontra. "Gostei muito desta puja. Quando estou com os monges sinto uma paz interior inexplicável. Adorava passar um mês na companhia deles, no mosteiro. Infelizmente é impossível", desabafa Sofia Ubach-Chaves, depois da cerimónia, num estado de tranquilidade evidente.
Mal pisaram o país, os monges foram até uma esplanada de praia comer sardinhas, copiando o prato da mesa ao lado. Dizem que gostaram e, ao mesmo tempo que se riem efusivamente, transmitem calma. É quase impossível ficar indiferente. Pempa Namgyal é quem mais fala por ser o único a saber inglês. Quando criança, a mãe mandou-o para o Mosteiro Monástico de Gaden Shartse, como acontece com a maioria dos monges: "Agora estou bem. Quando era novo foi muito complicado porque tinha saudades de casa", conta. E no mosteiro não tem qualquer contacto com a família: "Além disso é muito longe do sítio onde a minha família vive." Ali, acorda sempre às 5h30 para orar com os restantes 1500 monges. (Com excepção dos fins-de-semana e feriados, onde o horário de sono pode ser estendido até às 7h30). Depois das orações e da puja matinal, é altura de tomar o pequeno-almoço, normalmente composto por pão tibetano, feito pelos próprios, e chá-manteiga (uma mistura de chá preto, leite, manteiga e sal). As aulas começam às 09h30 e dão lugar ao almoço, por volta das 11h00. A partir daí, o dia é preenchido com mais lições, mantras, jantar e orações antes da hora de dormir, às 23h30. Fica feliz por poder deixar uma mensagem aos leitores do i. Depois de um momento de pausa para pensar, diz finalmente: "Por vezes sentimo-nos felizes, noutras não. É a medida da vida. Gostem de vós e sejam mais satisfeitos. E conscientes. O mundo já perdeu muito com os conflitos. Assim como as religiões." No fim da conversa, que teve de terminar para dar lugar à puja, Pempa acrescenta: "Há sempre escolha. Ninguém obriga ninguém a nada. Nós não viemos aqui para sermos escravos - nem do dinheiro, nem de pessoas. Temos valor e qualidades que devem ser preservadas." Descruzou as pernas, antes em posição de lótus, levantou-se e cantou mantras.
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