sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Tibete no alto do Malhão

para saber mais sobre as actividades do stupa consultar o site:

http://stupapaznomundo.org/ 

 
Falta pouco para o Malhão. A chuva resolve presentear-me nestes últimos quilómetros. Uma chuva miudinha – constante e impertinente.

Lígia aguarda-me no Centro Budista. Há muito que cultivo uma relação de proximidade com a causa tibetana e a visita ao Centro Budista Tibetano do Malhão, é uma oportunidade inédita de melhor conhecer essa realidade. Até há bem pouco tempo, não sabia sequer da sua existência…


O centro está ligado à Fundação Kangyur Rinpoché – um mestre budista, que em meados do século XX se viu forçado a fugir com a família do Tibete. Exilou-se na Índia.

O centro budista do malhão tem um Stupa que é uma espécie de altar budista. No Malhão, estão depositados artefactos do século VIII; rolos de oração – que só os mestres podem realizar e sob rigorosos preceitos, como o tipo de papel, o uso do açafrão, etc. – pequenas estatuetas, a que chamam TsaTsa; entre muitas outras preciosidades. Na base são colocadas as coisas más – tudo o que precisa de ser melhorado – e as relíquias mais importantes no topo.
Para atrair ‘boas energias’, deve circular-se várias vezes em seu redor, no sentido dos ponteiros do relógio…
A entrada no centro faz-se a par de um conjunto de bandeiras de oração. São cinco cores, cada uma representando um elemento e estando associado a um ponto cardeal.
Assim, a bandeira azul é a primeira – representando o céu e o poente; a branca simboliza as nuvens e o centro; a vermelha, o fogo e o nascente; a verde, o vento e a madeira e está associada ao norte; e por fim a amarela, que representa a terra e está associada ao sul.


Aqui no Malhão vivem actualmente 11 pessoas. No entanto, é aguardada a chegada de três monges que recentemente terminaram o seu retiro de cinco anos no centro raiz budista de França. Passando assim o centro a fruir de vida monástica.
Lígia convida-me a assistir à oração da noite: - Não vais é perceber nada! É em tibetano… – 


Fico empolgado! Descalço-me para entrar no pequeno templo. A porta é baixa, forçando-nos a curvar como que em sinal de reverência. A sala é ampla – uma construção antiga. Ainda se vislumbra o lugar da lareira. Há almofadas pelo chão, um altar ao fundo com a estatueta de Buda, uma imagem do mestre Kangyur Rinpoché, e uma estranha sensação de tranquilidade... Não somos mais de seis na sala, mas o ambiente é fremente. O recitar dos mantras – a música e a vibração; as velas e o incenso; o chão atapetado; a meia-luz que ilumina a sala e o candeeiro rotativo com orações dão-me a sensação de estar algures nos Himalaias…


A estrada do Malhão é uma varanda sobre o Atlântico.

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