domingo, 15 de novembro de 2009

Da ausência

Falta-nos alguém... aquela pessoa que nós somos realmente...
Por isso, o homem passa a vida a procurar-se...
- Onde vais tu?
- Vou atrás de mim!...
E o desgraçado corre e não descansa! De noite continua a correr... É um lobisomem...
- Repousa, pobre doido!
- Não posso! Morro de saudades por mim!
O que nos aflige e consome é esta ausência em que vivemos de nós próprios, esta distância incomensurável que nos separa do nosso espectro!
É esta saudade que nos mata!
Há quem se embriague para a esquecer. César foi César por causa dela.
E Jesus foi o Messias...

Teixeira de Pascoaes, O Bailado, Lisboa, Assírio e Alvim, 1987, p.44

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